A sexta-feira santa começou cedo em Edimburgo. As nove horas já estávamos na rua para tentar ver o máximo que dava, já que tínhamos apenas um dia para a cidade. Já adianto que consegui ver o principal, mas faltou muita coisa. Queria ter disponível mais um dia na cidade, aí acredito que seria perfeito.
Nosso hostel (Argyle Backpackers) ficava ao lado do parque Meadows,então fomos andando até o centro. Resumidamente, a cidade divide-se em "Old" e "New" Town, separadas pelo jardins da rua da Princesa. Apesar de ser a capital da Escócia, Edimburgo só foi denominada "cidade" em 1492. Atualmente, dispõe de área inferior a 300 km quadrados e abriga pouco menos de meio milhão de pessoas.
Parque the Meadows
Edimburgo é uma cidade milenar, considerada por muitos como a cidade mais mal assombrada da Europa, devido à seu céu majoritariamente cinzento, os diversos becos subterrâneos, que acomodaram vários enfermos da peste negra e que foram palcos de assassinatos e a atmosfera de mistério pelas construções medievais.
O castelo de Edimburgo é, sem dúvidas, a principal atração mas não a única. Os jardins, o charme e vida da Royal Mile, a história de Bobby, a vista incrível de Calton Hill e as ruas medievais são o bastante para deixar qualquer um apaixonado pela Escócia.
Todo meu roteiro foi feito à pé. Levou menos de dez minutos para que chegássemos na primeira atração do dia: a lanchonete "The elephant house"
Eu, assim como "o resto da torcida do flamengo" sou super fã de Harry Potter e não poderia deixar passar de visitar o lugar onde um dos melhores livros do mundo "nasceu".
O Elephant House é um café localizado no número 21 da George IV Bridge. Logo chama a atenção pela sua fachada avermelhada e pelo aglomerado de turistas e guias com excursões.
Foi neste local, que abriu as portas em 1995, que a então desconhecida J.K. Rowling sentava-se numa mesa qualquer, bebia um café e escrevia os rascunhos de um livro, que mais tarde seria um dos mais lidos e famosos da história!
A fila estava tão grande que não consegui melhores fotos do seu interior
Bobby era um cachorrinho da raça Skye Terrier que viveu em Edimburgo no século XIX. Ele era o cachorro filho (não, cachorros não são exatamente propriedades para dizer "pertencia") do policial John Gray. Eles viveram juntos e de modo inseparável por dois anos, até John morrer devido à tuberculose em 1858.
John foi enterrado no próprio cemitério de Greyfrias, ali do lado. Diz a lenda que Bobby passou toda a sua vida ao lado do túmulo de John, saindo apenas para comer. Em 1867, entretanto, a cidade proibia a existência de cães sem registro e como Bobby não tinha "dono", deveria ser sacrificado. Foi aí que Sr. William Chambers pagou pelo registro de Bobby e o colocou sob responsabilidade da câmara municipal de Edimburgo.
Bobby faleceu em 14 de janeiro de 1872 (cerca de quatorze anos após John) mas infelizmente não pôde ser enterrado junto ao seu dono, por normas locais. O túmulo de Bobby encontra-se bem próximo do de John, a cerca de 70 metros, em um dos portões do cemitério e hoje é "atração turística".
Cerca de um ano após sua morte, em 1973, Sr. William Chambers mandou erguer um monumento em homenagem à Bobby, que encontra-se hoje na própria George IV Bridge, em frente ao pub Greyfrias e ao cemitério de mesmo nome. A estátua é hoje uma das atrações mais fotografadas de toda a cidade.
Mais informações sobre Bobby podem ser encontradas no Museo de Edimburgo, incluindo sua coleira e a tigela onde se alimentava.
Não, eu não incluiria um cemitério num programa turístico se não tivesse um "bom" motivo.
Bem atrás do pub Greyfrias fica o cemitério de mesmo nome. Minha visita a este lugar mórbido deve-se a dois motivos, unicamente : o local onde Bobby foi enterrado e por ter sido local de inspiração para J.K. Rowling
Eu honestamente não sei como alguém se inspira em um cemitério, mas é fato que J.K. Rowling ia passear (sim, passear) por ali e acabou nomeando alguns de seus personagens de acordo com as lápides dos túmulos.
Imagina só, você toma uma cafezinho no Elephant House, anda cem metros, entra num cemitério e distraidamente lendo os epitáfios, resolve tirar dali os nomes para alguns personagens de seu livro! "Fui no cemitério, tério-tério-tério, era meia-noite, noite, noite noite" haha
Fato é que depois de andar muito ( e me fazer de egípcia ao seguir um walking tour) finalmente descobri os túmulos de um "Tom Riddle" e um "McGonagal" ... Para quem quer ir direto ao "ponto", entre direto no cemitério e vá até a parte mais afastada do mesmo. Lá que estão os dois túmulos. O de McGonagal na parede esquerda e o de Tom Riddle na direita.
O túmulo de Bobby está logo na entrada, num pedaço de terra não sagrada.
Túmulo de Bobby
Túmulo de John
No fim do cemitério, bem onde estão os dois túmulos acima, podemos ver a George Heriot's School, escola que serviu de inspiração para Hogwarts. Antigamente, a escola destinava-se apenas à meninos ricos e era dividia em quatro grupos (ou "casas"). Dai o motivo de J.K. ter criado Hogwarts, uma escola pública com suas quatro casas.
Saindo do cemitério, fui direto para a Victoria Street, uma das ruas mais bonitinhas e pitorescas de Edimburgo.
Casas coloridas, lojas com caldeirões, pubs e várias outras lojas falando em bruxaria. Pareceu familiar? Há rumores de que foi justamente esta rua que J.K. Rowling usou como inspiração para a criação do Beco Diagonal.
É fã de Harry Potter e tá planejando uma viagem pra Inglaterra? Talvez esteja no país errado haha
Subindo pela Victoria Street logo encontrará uma escadaria. Ali temos uma vista do "Beco Diagonal", bem em frente à igreja de St. Columba.
A Royal Mile é, sem dúvidas, a rua mais importantes de Edimburgo em termos turísticos. Localizada no centro da Old Town, a rua liga o castelo de Edimburgo ao Hollyrood Palace, residência oficial de Elizabeth II durante suas viagens para a Escócia.
Passamos algum tempo entrando e saindo das várias lojinhas de souvenires, os pubs e vendo vários homens tocando gaita de fole com seus kilts. Ali também encontramos o Whisky experience.
É da Royal Mile que saem vários walking e city tours. É comum vermos tour assombrados, já que Edimburgo é considerada a cidade mais mal-assombrada da Europa.
Um lugar em especial merece atenção para os fãs de histórias de terror #presente. É o Beco de Mary King.
Mary era uma jovem empresária de sucesso no século XVII. Filha do advogado Alexandre King, Mary acabou herdando várias propriedades na Royal Mile.
Nesta época, o beco, que ficava no subterrâneo de algumas destas propriedades, era usado como local de quarentena para os acometidos pela peste negra. Ali também ocorreram vários assassinatos.
Em 1715, o local foi demolido para a construção da Câmara Municipal, mas as histórias de terror continuam até hoje
Ao lado do beco de Mary King, há uma um local chamado City Chambers, onde está a marca das mãos de J.K. Rowling #calçadafama e também um monumento que teria sido a inspiração para a "câmara secreta", que aparece principalmente no segundo filme de Harry Potter.
Câmara secreta ? haha
Tive o prazer de conhecer o castelo de Edimburgo e também a Câmara Obscura, uma espécie de museu de ilusão de óptica muito legal, diferente de tudo que já tinha conhecido. Como esta postagem já está muito grande, separei outros dois posts para o Castelo e para a Câmara Obscura
Como falei acima, o castelo terá um post especial.
Faltam adjetivos para descrever o quão maravilhoso e suntuoso é o castelo de Edimburgo. Esculpido no topo do Castle Rock (rochedo do castelo), esta fortaleza é a segunda atração mais visitada da Escócia.
Saindo so castelo, sugiro seguir pela rua Ramsay (uma rua pequena, super fofa e charmosa) até o Princess Street Garden, um dos maiores jardins de Edimburgo.
Rua Ramsay
Na época medieval, o local onde hoje se encontra o jardim era um lago, o Loch Nor, que recebia o esgoto proveniente da região de Old Town. Em 1770 porém, a construção do Princess Street Gardens deu início e no ano de 1876 o jardim tornou-se público.
Em 1846, a estação ferroviária de Waverley foi construída e seus trilhos cortavam o jardim, proporcionando uma visão única e linda para os viajantes de trem.
Os jardins se dividem em Leste e Oeste pela The Mound, um caminho demarcado que liga a Old Town até a parte moderna da cidade. Ao redor do Mound estão a galeria de arte da Escócia, a galeria nacional da Escócia e o jardim botânico.
O parque conta com inúmeros monumentos. Entre eles, destacam-se o Soldier Bear, um urso que foi levado para Edimburgo no fim da segunda guerra mundial e o Scott Monument, monumento mais alto do mundo em homenagem à um poeta (Sir. Walter Scott).
Soldier Bear
Mas o melhor mesmo do jardim é a incrível vista para o castelo. Procure pela Ross Fountain e terá uma fotografia digna de cartões postais da cidade.
Melhor vista do jardim
Calton Hill é uma colina à leste da cidade, facilmente acessível pela escadaria no fim da Princess Street.
Princess Street
A vista de Calton Hill é incrível. Infelizmente caiu uma tempestade assim que pisei no último degrau e minhas fotos acabaram horríveis. E advinha minha cara quando a chuva acabou assim que desci de lá ...
Um dos monumento de Calton é a homenagem ao comandante Nelson, que morreu durante a batalha de Trafalgar. A torre, com entrada permitida à turistas tem mais de trinta metros de altura e oferece uma vista ainda melhor da cidade
Outro monumento, que lembra a Acrópoles, é o inacabado "National Monumento of Scotland", que até hoje não sabemos muito bem qual seu propósito.
Quando saímos de Calton Hill, voltamos até a região do castelo e dali seguimos para a Grassmarket, uma rua charmosa para pedestres, com vários restaurantes e pubs.
Ali fica o White Hart Inn, o pub mais antigo da cidade, datando de 1516! É considerado por muitos como o pub mais mal-assombrado da Escócia. Entrei e não levei nenhum susto haha
Este foi o resumo do dia que passei em Edimburgo. Óbvio que deixei de ver muita coisa, como por exemplo Arthur's seat, walking tour da cidade mal-assombrada, o palácio de Holyrood e muito mais. Mas infelizmente era o tempo que eu tinha. Pretendo voltar à cidade (ainda não sei quando) e poder conhecer muito mais do que esta cidade linda tem a oferecer.